quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Miúdos" do Dragão têm 97% de aproveitamento

tra notícia retirada do jornal O Jogo. O trabalho do Departamento Pedagógico do FC Porto conta com dois psicólogos, um técnico de serviço social e uma técnica de ciências da educação e visa essencialmente o bem estar social, familiar e académico. Estes factores vão influenciar a performance desportiva. Cada vez mais se dá conta de que um bom aluno tem mais estratégias para lidar com os apectos mentais inerentes à competição. O FC Porto sabe disso...
Aqui vai:

Longe vão os tempos em que a habilidade com a bola nos pés era condição mais do que suficiente para um jovem pousar os livros na prateleira à espera de melhor oportunidade e optar por uma carreira nos relvados, ainda que incerta. Na verdade, no FC Porto esses tempos já nem sequer existem. Simplesmente, "não há futebol sem estudos", frisa Ângelo Santos, director do Departamento Pedagógico, sediado na Casa do Dragão, instituição que alberga cerca de 47 jovens da formação, proporcionando-lhes condições especiais de estudo com base em parcerias com duas escolas da cidade. Por outras palavras, um jogador pode ser muito bom e promissor, mas se não estudar ou não estiver disposto a isso, também não pode jogar futebol no clube. "Quem está na formação, tem de estar na escola", alerta.

A medida nada tem de radical. "Antes, lutava-se para que os jogadores fossem à escola; agora a luta é para ver quem tira as melhores notas". Tudo isto num processo de responsabilização e consciência próprias que foi ganhando raízes ao longo dos últimos anos. Os resultados são esclarecedores. "Temos 97% de aproveitamento e constatamos que quem não tem aproveitamento escolar, também não é o melhor dentro do campo". Para Ângelo Santos, a aposta do FC Porto na conciliação do futebol com os estudos tem outra vantagem: convencer os pais a libertarem os filhos e a deixarem-nos sair de casa cedo para ingressarem no FC Porto. "Muitas vezes me dizem: ainda bem que o meu filho veio para o FC Porto, porque sei que aqui não se facilita na educação". Outro exemplo: Gray, um avançado sueco de 16 anos que era pretendido por um grande clube inglês, preferiu o FC Porto precisamente devido à aposta nos estudos. O caminho nem sempre é seguido pela maioria dos emblemas.


A Casa do Dragão, a mesma em que Pauleta ficou quando tentava a sorte nas camadas jovens portistas, acolhe várias nacionalidades. Há jogadores de Angola, Guiné, Brasil, Espanha, Suécia, Senegal, Turquia, República Checa, Estados Unidos e Eslováquia, para além de vários portugueses (a maioria, de resto). Segundo Ângelo Santos, todos "aprendem rapidamente" a língua portuguesa e até há quem se afirme como líder. É o caso de Abdoulaye, o gigante central senegalês da equipa de Sub-19. Sociável e responsável, é visto como um exemplo por todos os jovens que moram na Casa do Dragão. Aliás, Jesualdo Ferreira já o chamou por diversas vezes. Para estes jovens, as chamadas aos treinos da equipa principal são como viagens ao futuro no FC Porto. Com boas notas na escola, claro.

In O Jogo, em:

Cumprimentos,

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Workshop: "Psicologia e Pedagogia no Desporto"

Venho por este meio anunciar a intenção de organizar um Workshop subordinado ao tema: "Psicologia e Pedagogia no Desporto".

E para fugir à "vulgaridade" de convidar prelectores, sugiro que sejam estes a "convidarem-se". Não é necessário possuir CAP. Pretendo unicamente que os interessados proponham um tema que gostassem de abordar por, sensivelmente 40 minutos (com mais 20 minutos de debate).

Nesta fase pretendo saber se há alguém interessado em participar (tanto como orador ou como participante). O evento decorrerá na cidade do Porto, em local e data a definir.

Aguardo contacto para: psico.desporto@gmail.com

Cumprimentos,

Sidónio Serpa: "Autoconfiança após vitória sobre a Hungria pode ter efeito positivo na Selecção"

Outra notícia interessante, deste conceituado Psicólogo do Desporto, Sidónio Serpa, desta vez acerca da elecção das Quinas:

A autoconfiança decorrente do bom resultado de Portugal com a Hungria (3-0) pode ter um efeito positivo na selecção portuguesa de futebol, considera o presidente da Sociedade Portuguesa de Psicologia Desportiva, Sidónio Serpa.


Aquele professor da Faculdade de Motricidade Humana afirmou à Lusa que o bom resultado de sábado, conjugado com o facto de o próximo jogo de apuramento para o Mundial2010 ser decisivo mas com uma equipa (Malta) teoricamente mais fraca, pode gerar um nível de ansiedade equilibrado e favorável ao bom desempenho.

Sidónio Serpa salientou que a apreciação que pode fazer "é no abstracto" porque não conhece os processos internos da selecção portuguesa, a realidade da equipa, as características pessoais dos jogadores e os líderes da equipa, que podem ajudar a gerir as emoções.

Aquele professor universitário, que é secretário-geral da International Society of Sport Psychology (ISSP), salientou que tanto a ansiedade demasiado elevada como a demasiado baixa podem ter consequências negativas no desempenho humano.

Em qualquer situação desportiva, a ansiedade muito elevada leva a problemas de concentração, de controlo motor e no processo de tomada de decisão, que podem afectar o desempenho, sublinhou.

Salientou que, pelo contrário, na ausência de ansiedade a pessoa não vive o estado de alerta emocional e de atenção necessários para reagir convenientemente aos problemas que tem de resolver.

Sidónio Serpa salientou que pode haver um aumento da ansiedade decorrente da obrigação de ganhar um jogo, mas o bom resultado da selecção nacional na partida de sábado, "em que as coisas correram muito bem", pode ter um efeito positivo por aumento da autoconfiança. "A ansiedade tende a ser menor quando a autoconfiança é maior", observou.

"Em jogos anteriores os jogadores [da selecção portuguesa] jogaram bem mas faltaram golos, o que aumenta a ansiedade, mas ontem [sábado] jogaram bem e isso pode ter um efeito favorável na autoconfiança da equipa, o que vai baixar o estado de ansiedade da equipa para um nível que pode ser favorável", precisou.

Sidónio Serpa salientou que o próximo jogo da selecção nacional é "teoricamente fácil, com uma equipa bastante mais fraca do que a portuguesa, o que pode colocar a ansiedade num nível demasiado baixo e dificultar a reacção aos problemas que surjam no jogo".

"Aqui há um aspecto que pode jogar favoravelmente, que é ser um jogo de vida ou de morte, o que aumenta o nível de ansiedade, que tende a ser muito baixo", acrescentou.

"Ainda que o jogo fácil possa levar [os jogadores] a entrar demasiado descontraídos, o facto de ser decisivo aumenta a ansiedade", enquanto "o risco de, por ser um jogo tão importante, trazer uma ansiedade tão elevada que prejudique o desempenho, é moderado" pelo aumento da autoconfiança após o último jogo, precisou.

Para aquele especialista em psicologia desportiva, até quarta-feira as emoções gerem-se transmitindo a ideia de que o jogo é muito importante mas utilizando o reforço da autoconfiança obtido com o resultado de sábado e, dentro da equipa, estando atento às diferentes características dos diversos jogadores.

Os mais experientes podem ter uma influência emocional positiva e deve ser dada particular atenção aos menos experientes ou emocionalmente menos estáveis, caso haja, indicou.

In O Jogo, em
 
Cumprimentos,

domingo, 11 de outubro de 2009

Jorge Jesus abdicou da ajuda do psicólogo na equipa principal

Interessante esta notícia do DN de 09.10.2009:

Jorge Jesus abdicou do apoio do psicólogo Pedro Almeida aos jogadores da equipa principal do Benfica. Foi assim interrompida uma ligação que durava desde 1994, altura em que aquele clínico chegou ao clube, tendo fundado o gabinete de psicologia desportiva.

Pedro Almeida continua, no entanto, a exercer funções, mas apenas no departamento de formação, acompanhando de perto os jovens futebolistas. Este psicólogo tem sido um elemento de apoio a todos os treinadores que passaram pela Luz, tendo mesmo tido um papel muito importante no apoio ao plantel quando o húngaro Miklós Fehér faleceu em Janeiro de 2004. "Na época passada ele trabalhava pontualmente connosco, mas não em permanência. Sei, por exemplo, que falava com alguns jogadores, mas sempre houve respeito pelo trabalho dele. Nem sabíamos quais os atletas com quem ele falava mais", contou ao nosso jornal Fran Escribá, treinador adjunto de Quique Flores na Luz na época transacta.

Sabe o DN que um dos jogadores que maior acompanhamento teve nos últimos anos foi o jovem central David Luiz. Esta época, o brasileiro tem estado em destaque pelas excelentes exibições, mas também pelos erros que ditaram os quatro golos sofridos pelos encarnados nas sete jornadas já disputadas na Liga portuguesa. Fontes contactadas admitem que estes erros pontuais podem estar relacionados com a falta de acompanhamento prestado ao defesa. "Por vezes ele arrisca em demasia, mais do que o normal para um defesa, mas isso é algo que se pode corrigir", disse a mesma fonte ao DN.

Jorge Silvério, mestre em Psicologia do Desporto, garante que os atletas beneficiam se for feito um acompanhamento para "trabalhar o controlo emocional" durante um jogo e no caso de David Luiz diz mesmo que tem notado evolução no seu comportamento desde que chegou a Portugal. "Esta época ele está bem melhor que no ano passado, provavelmente está a saber aplicar um conjunto de técnicas que lhe foram transmitidas pelo doutor Paulo Almeida", adiantou em conversa com o DN, acrescentando que esse facto irá fazer com que "diminua a possibilidade de cometer erros", embora avise que "é impossível" eliminar as falhas.

No caso do defesa do Benfica, bem como noutros casos, o recurso à psicologia não quer dizer que haja um problema. É essa a opinião de Jorge Silvério, que considera ser esta "uma forma de de-senvolver o controlo da mente" em situações complicadas durante a competição.


Cumprimentos,

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Uma reflexão sobre o Desporto Universitário

Este post não fala de Psicologia em Desporto, é apenas um pensamento!

Grande parte da minha vida (desde dos 10, sensivelmente) teve ligada ao desporto. Como desportista, primeiramente como jogador de futebol e, mais tarde, como jogador de futsal.
Outra parte da minha vida, mais académica e profissional, está ligada ao desporto, mas agora também através da psicologia.
Durante os anos de faculdade foi-me aberta a porta do futsal a nível universitário.
O Desporto Universitário nasceu quase da necessidade de ocupação de tempos livres e lazer. A competição foi aumentando e a prova foi perdendo o interesse de base! Hoje um UTAD vs. AACoimbra (universitário) é igual a um jogo da 1ª divisão nacional de futsal. Um jogo UFP vs. ISMAI não era apenas um jogo de alunos... era também um jogo de instituições.

A pré-época começava com 28 jogadores, a época arrancava com 15 e terminava com 4 - isto nos 2 primeiros anos... quando tinhamos uma equipa formada por alunos-jogadores e por jogadores-alunos. Óptimos resultados! Péssimo ambiente! Nos 2 últimos anos tinhamos uma equipa formada somente por alunos-jogadores. Péssimos resultados! Ambente agradável!
Ora, treinavamos 5 horas por semana e, quando havia jogo (normalmente à 5ª feira), treinavamos 3 (mais as 2 do jogo). Até aqui tudo bem! A Universidade proporcionava-nos momentos de lazer aliados à prática desportiva de competição.
Nem interessa que tipo de jogador eu era... mas deu-me muito mais prazer jogar nos últimos 2 anos que nos primeiros 2! Mesmo havendo apenas 10 jogos oficiais por ano (alguns com 2 meses de intervalo), organizados pela FADU! Acontece que as coisas confundiram-se com o passar do tempo...

Posto isto e, porque passei por duas experiências opostas, defendo que o desporto universitário deveria ser apenas para alunos-jogadores (salvo poucas excepções) que dão prioridade aos estudos e não jogadores-alunos, que jogam em equipas (muitas delas de elite) e não precisam do desporto universitário para nada (muito menos para satisfação desportiva).

É motivo para dizer "devolvam o desporto universitário a quem vai ás aulas..."

Bem hajam,